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Foto do escritorMarina Malta

O que leva alguém a se apaixonar?

Atualizado: 7 de jul. de 2022

O termo paixão está relacionado com o amor. Que amor é esse que leva às vezes até ao adoecimento do sujeito?



Um dos aspectos que gostaria de ressaltar é a diferença entre amor e paixão. O amor é um sentimento mais ameno, mais sereno, que podemos dizer que é mais duradouro, enquanto que a paixão é mais avassalador, mais intenso, que leva as vezes até ao adoecimento do sujeito.


Podemos dizer que a pessoa que se apaixona só vê o outro, no qual se funde, o seu eu não existe provisoriamente ou mesmo permanentemente, e esse é ponto principal da diferença entre o amor e a paixão. O objeto da paixão é um ser totalmente idealizado pelo outro, no qual quem se apaixona de uma maneira excessiva, se perde como sujeito nessa relação.


A Paixão para Freud


Para Freud, a paixão consiste num investimento narcísico da libido pelo outro, por isso que se transforma em objeto ideal, cada vez mais sublime, tirando todo amor do ego.


Com essa idealização o sujeito que se apaixona acaba se confundindo com o outro, que dessa forma as funções do ideal do eu ficam paralisadas, fazendo com que o sujeito se conduza completamente pelo objeto da paixão, e assim o ego se empobrece, se entregando completamente ao objeto.


Portanto, quando estamos amando, o ego se enriquece com o objeto, introjetando a si mesmo, isto é, é como eu tivesse investindo no outro, abrindo mão de uma parte de si para dar ao objeto, enquanto que a paixão é quando queremos sugar para dentro de nós o objeto, isto porque quando nos apaixonamos desta forma estamos na verdade na procura do outro que nos falta para poder nos sentir inteiro.


A Paixão para Winnicott


Enquanto, para Winnicott, o ego não é totalmente constituído quando nascemos, isto é, o ego ainda não se constitui por inteiro, que nesse momento inicial a mãe está fundida com o bebê, ainda não há duas pessoas na relação e sim uma única: mãe e bebê.


Essa comunicação inicial entre mãe – ambiente e bebê que é muito sutil e silencioso, o bebê não ouve ou registra a comunicação, ele apenas percebe pela confiabilidade que são registrados no decorrer do desenvolvimento. O bebê não sabe dos efeitos da comunicação, apenas percebe algo quando existe a falta de confiabilidade, pois há uma diferença entre o modo mecânico de cuidar do bebê e o amor humano. As mães cometem algumas falhas no decorrer do cuidado com o bebê, quando estes são solucionadas com rapidez, o bebê percebe que teve sucesso na comunicação, com isso o bebê tem a sensação de segurança e percebe que foi amado.


Se por um acaso essas necessidades do ego não forem atingidas, então esse ego não vai integrar- se e não haverá um ego merecedor desse nome. Então vai se dar um semi-ego, que tentará estabelecer a antiga completude, buscando sempre ao novo objeto, desaparecendo dentro dele.


Portanto, para Winnicott, o objeto da paixão seria um sujeito, ou seja, o sujeito da criação de um outro sujeito, no qual o ser apaixonado se vê no outro, mas o que ele vê é conhecido e estranho ao mesmo tempo, pois o eu ideal é referente desse olhar do outro, que é o olhar materno que nos constitui, porque nos espelha, que vira sinônimo de mim mesma.


Ao fazer isso, o ser apaixonado coloca o ideal do eu no outro, nessa díade (mãe e bebê), que assim se vê na sua completude e na sua onipotência a partir do outro, que podemos observar que é um estranho deslocamento, pois assim a sua onipotência não é mais dele e sim daquele que ele ama. E por consequência o outro vira sinônimo de mim mesmo.


Temos então 3 tipos de relacionamento:


O Apaixonamento Patológico

Onde a pessoa busca numa outra a reconstrução de uma díade, para ter uma nova integração possível.


O Apaixonamento mais Amadurecido

Onde esse sentimento é mais momentâneo, que com o tempo vai amadurecendo e pode se tornar amor.


Amor

Quando duas pessoas se unem e se apoiam mutualmente, não porque se necessitam para torna-se pessoas, e sim porque se amam.




Conclusão


Portanto, no relacionamento que existe o amor, cada um investe no outro de uma forma semelhante, nunca se esquecendo de si mesmo como sujeito na relação, pois as duas pessoas da relação têm um desenvolvimento emocional saudável, onde ambas podem ir além da díade e tornando pessoas razoavelmente inteiras que existem por direito próprio. Enquanto na paixão um dos dois investe no outro de tal forma, tornando -se um objeto na relação e se perdendo totalmente como sujeito que causa uma dependência muito grande perante o outro, fazendo com que a vida se esvazie, e portanto, se o outro for embora a sua vida perde todo o sentido.


 

Marina Malta | Psicanalista

Cel | (11) 996265035

Atendimento Online e em São Paulo | Jardins

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