Minha Trajetória
Durante 10 anos contei histórias para crianças hospitalizadas, em dois hospitais da cidade de São Paulo. Com o passar do tempo fui vendo como era importante aquele momento para os pequenos pacientes hospitalizados, indicando um alivio da dor ou um esquecimento momentâneo da doença; sentimentos de alegria, relaxamento e confiança, melhorando a auto estima, viagem ao mundo da fantasia e principalmente a construção para o habito da leitura.
Ao contar histórias percebi, nitidamente, que esse ato é um aliado para o desenvolvimento psíquico da criança, pois ao contar histórias provocamos diversas reações como risos, choro, alegria e tristeza, esses símbolos são inseridos numa narrativa e conseguem apresentar elementos psíquicos de um sujeito, no qual ajudam a construir uma realidade e lidar com ela.
Com essa experiência, fui em busca de mais conhecimentos e comecei a fazer um mestrado, cuja o tema era “Representação Social sobre ouvir histórias com crianças com dificuldade de aprendizagem”, no qual meu objetivo com esse trabalho era mostrar como é importante a contação de histórias pois com ela as crianças começam a se questionar, argumentar e principalmente a comparar as histórias com as suas próprias vidas e assim começar se ver como um sujeito que tem sentimentos.
Durante o mestrado comecei também a fazer um curso de Acompanhante Terapêutico que foi o começo da minha entrada no mundo da psicanálise, pois lá foi o primeiro contato que eu tive com a teoria da psicanálise e assim comecei a querer sempre saber mais sobre o trabalho analítico.
Trabalhei com muitas crianças e adolescentes, no qual tiveram algumas questões no seu desenvolvimento global, mas sempre olhando para o sujeito em questão e nunca rotulando. Nesse trabalho, comecei a perceber como é importante olhar para cada sujeito como um sujeito único que tinha seus sentimentos, suas questões e assim comecei a ter uma escuta mais aprofundada, sempre baseada na teoria da psicanálise.
Foi então que entrei no curso de Formação no CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), que foi um grande desafio para mim.
Durante o curso, sentia uma vontade de aprender cada vez mais, sobre aqueles conceitos novos ,que me deram uma oportunidade de enxergar novos conceitos, percepções e sentimentos , fazendo com que eu refletisse, e chegando à conclusão que era com a psicanalise que eu iria trabalhar.
A teoria da psicanálise, que foi criada por Sigmund Freud (1856-1939), estuda o funcionamento da mente humana, que tem como o objetivo principal, trabalhar os desejos inconscientes e os comportamentos e sentimentos vividos pelas pessoas.
Com esse método estabelece uma relação analista-analisando, sem o uso da hipnose, pois a posição do psicanalista era recomendar aos seus analisandos a dizerem tudo o que vem à mente, como, seus desejos, lembranças e instintos.
Esses conteúdos psíquicos estão armazenados no nosso inconsciente, no qual no processo de análise, o analista trabalha através do método de Associação Livre, onde o paciente possa falar de modo livre para que ele possa exprimir seus conteúdos psíquicos na palavra e manifestar para o psicanalista a cadeia associativa em que eles se encontram para que se possa conseguir atingir o curso de ligação, como se tivéssemos puxando um carretel de linha a procura de onde está amarrado, e assim haveria uma finalidade, uma meta no qual as Associações Livres teriam uma direção a se chegar dando algum significado para essas ideias.